A Esclerose Múltipla (E.M.) é uma doença crónica, inflamatória, desmielinizante e degenerativa afetando o Sistema Nervoso Central (SNC).
Atinge com maior incidência o género feminino e surge mais frequentemente no jovem adulto (entre os 20 e os 40 anos), apesar de nos dias de hoje a E.M. se comece a manifestar em idades mais precoces e/ou mais tardias.
É uma doença autoimune na qual o sistema imunitário não tem capacidade de diferenciar as células do seu próprio corpo de células estranhas a ele, acabando por destruir os seus próprios tecidos. O principal alvo deste “ataque” é a mielina, uma camada de gordura protetora das fibras nervosas que auxilia na transmissão de informação ao longo do corpo humano.
Quando ocorre um “surto”, formam-se cicatrizes endurecidas que se agrupam formando as conhecidas “escleroses” ou também denominadas “placas”. São afetadas inúmeras áreas do cérebro e da medula espinal pelo que se denomina esta doença de Esclerose Múltipla.
Prevalência da Em
Estima-se que existam 2 milhões de pessoas portadoras de E.M.
Em Portugal estima-se que mais de 8000 portugueses sejam portadores de E.M.,o seu diagnóstico é mais frequente por volta dos 30 anos de idade, podendo surgir em crianças e idosos mas com menos incidência.
Segundo o GEEM (Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla), cerca de 3500 portadores estão já a receber tratamento. A Esclerose Múltipla surge independentemente do local onde se habita, da raça ou idade. No entanto os fatores ambientais e hereditários, são importantes para a sua manifestação. Mais frequentes em mulheres à exceção da E.M. tipo Primária-Progressiva em que a prevalência é semelhante em homens e mulheres.
Geograficamente a E.M. tem uma incidência elevada (> 30 casos por 100.000 habitantes) em grande parte da Europa, Rússia, Canadá, norte dos EUA, Sudeste da Austrália e Nova Zelândia;
Uma incidência média (entre 5 a 30 casos por 100.000 habitantes) a sul dos EUA, em grande parte da Austrália, África do Sul, Sul do Mediterrâneo, Sibéria, Ucrânia e certos locais da América Latina.
Uma incidência baixa (< 5 casos por 100.000 habitantes) na maior parte do continente Asiático, Africano e na zona Norte da América do Sul.
Esclerose Múltipla
O Sistema Nervoso Central (cérebro e espinal medula) é constituído por neurónios (células nervosas) e por células gliais (que apoiam e asseguram o bom funcionamento dos neurónios).
Um neurónio é formado por um corpo celular com prolongamentos dendríticos e por uma extensão denominada axónio. Estes, para garantirem a condução dos impulsos nervosos são envoltos numa substância gordurosa e isolante a que chamamos mielina.
A mielina isola-os do fluxo de eletricidade que flui no seu interior gerando os impulsos nervosos. Na bainha da mielina encontram-se interrupções denominadas “nódulos de Ranvier”, que no decorrer da condução nervosa, permitem que os impulsos nervosos passem de nódulo em nódulo permitindo uma condução rápida e eficaz.
Desmielinização
Na E.M. os processos inflamatórios danificam e/ou destroem as bainhas de mielina das células nervosas ocorrendo a desmielinização.
Nesta fase, os axónios não conseguem conduzir os impulsos nervosos ocorrendo a manifestação de sintomas neurológicos sentidos durante um surto ou recidiva da E.M., cujos défices neurológicos variam de acordo com a localização das regiões onde ocorreu a desmielinização.
Quando a inflamação deixa de estar presente a mielina poderá ser substituída havendo neste caso a recuperação da função neurológica, como ocorre nos surtos temporários da E.M.. Contudo se a desmielinização manifestada for mais grave e mais prolongada temporalmente poderá levar à destruição dos axónios antes mesmo de ser possível recuperar a camada protetora de mielina.